Este local é, com certeza, dedicado aos 90% do meu cérebro que não tenho certeza de para que servem... Entre um cigarro e outro, entre o dia e a noite, nas beiradas de um talvez qualquer, fico gastando palavras, me espreguiçando nas frases, me escondendo entre as reticências...
Ao leitor deixo o agradecimento pelas palavras que eu não disse, mas que, ainda assim, acabaram por ser ouvidas...


domingo, 4 de março de 2012

Na eventualidade...

Meu tesão sempre foram as peles clarinhas, até translúcidas, os cabelos iguais ao trigo nos campos, lourinhos, louríssimos. Seria isso racismo? Não, não, não. Absolutamente não!
Meus amigos são gente. Eventualmente podem ser chineses ou negros, mas o que vejo neles é que são gente e isso me basta. Não concordo com as ofensas gratuitas, do tipo piadinhas que sinalizam somente o extremo mau gosto de quem as conta em público. Eventualmente nunca tive namorados índios, japoneses, negros ou egípcios entre tantos outros. De minha parte não existiu química. Eventualmente, da parte deles também não...
Mas é que hoje os tempos são outros... Que outros???  
O preconceito é invertido, o desrespeito é camuflado. Os menores têm direitos e os maiores somente deveres. Mulheres negras sao valorosas... mas e as brancas, não são?!?! Indios são os donos da terra, o trabalhador rural meramente escravo?!?!... Fala sério!!! Porque essa segregação mascarada é vergonhosa!!!
Pessoas são valorosas pelas lutas que travam, pela coragem que demonstram, pela integridade que ostentam. 
Pessoas serão eventualmente negras, indias, amarelas... e brancas... Ou não?!?!
Fato: que a história nos mostra povos massacrados, alijados de seus primordiais direitos. Eventualmente, também nos mostra pessoas que são gente pra caramba. Gente que mesmo que eu passe o resto da vida crescendo, crescendo, crescendo, nunca vou conseguir ser igual: Mandela, Madre Teresa, Tenzin Gyatso, Luther King, Chimamanda Adichie...
Mas o meu pensamento vagabondo (porque o som me atrai mais que vagabundo), não vê glória em engrossar as fileiras dos algozes, e tampouco vê solidariedade em comprar a briga das minorias. Me nego à opressão e não me curvo aos falsos pudores. 
Não, não estou em cima do muro não: quero crer que todos somos gente, que sangramos se esfaqueados, que choramos se magoados, que nos indignamos se injustiçados. 
E isso, meu amigo, não nos torna iguais. A igualdade é tão monótona, tão absurdamente morna. Isso nos faz tão somente gente. E gente é coisa mais linda justamente pela apresentação de tantas diferenças, de tantas nuances, de tantas incoerências... 
Portanto, me permita escorrer no meu branco e preto, no meu colorido, no meu desbotado...
Se ninguém nunca te contou, deixa que eu te diga: a vida não é simples. Linda mas complicadíssima. Mar de rosas só em SPA.
Lamento pois nunca terei tranças afro, gritos de guerra, olhar oblíquo... e são coisas que eu curto muito, muito mesmo...
Em contrapartida, minha visão é coloridamente baiana, o core é cigano, anema universal, a sombra é negra feito ebano, e ainda assim sou mesmo é paulista... 
Sou todas aquelas que me permito ser. Eventualmente você deveria permitir-se também.

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