Medo é um sentimento estranho, incontrolável, tantas vezes bizarro... Tenho assim alguns medos básicos: injeção, baratas, choque elétrico, violência, comer baiakú e morrer envenenada... Mas eu não tenho medo da vida, medo dos inicios e dos finais, medo dos desafios... E olha só, quem diz que não tem medo é muito burro (coitado desse animal tão prestativo). O medo gera a prudência, que gera a temperança, que gera o bom senso, que gera a preservação. Um toque de medo faz parte da vida, mas não se deve desenvolver medos muito grandes (fobias) que nos paralisem, que impeçam a vida de fluir com liberdade. Assim é que esses meus medos básicos são trabalhados por mim, afim de não ultrapassarem os limites do aceitável.
Mas, (sempre o mas...) eu tenho medos não básicos e esses sim me fazem perder o sono, colocam um excesso de cautela nos meus dias...
Tenho medo do dia em que meu Povo descubra a força que tem; tenho medo do dia em que a Verdade grite a plenos pulmões nas faces pálidas da inércia; tenho medo do dia em que a Justiça decepe, com sua espada afiada, as cabeças ocas que perambulam por aí; tenho medo das bombas que serão lançadas em retaliação às bombas que a mídia despeja em nossas calçadas diariamente e tenho medo da longa noite que antecederá esse dia...
Porque eu estarei chorando e o medo mais completo, mais visceral, é não saber dizer se as lágrimas serão de alívio, de dor, de felicidade, de luto, de libertação.
O medo é um animal insano, mas tolo daquele que não o percebe, que não o escuta quando ele sussura em seu íntimo.
Ter medo é bom. Ter medo é ruim. Faz-me pensar na frase: "Em meu intimo habitam dois lobos, um bom e um mau, que lutam ininterruptamente. Ganha aquele que eu alimento."
Porque é assim que acabo lidando com meus medos, lutando muito para o que têm de ruim não se tornar maior do que o que têm de bom.
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