Este local é, com certeza, dedicado aos 90% do meu cérebro que não tenho certeza de para que servem... Entre um cigarro e outro, entre o dia e a noite, nas beiradas de um talvez qualquer, fico gastando palavras, me espreguiçando nas frases, me escondendo entre as reticências...
Ao leitor deixo o agradecimento pelas palavras que eu não disse, mas que, ainda assim, acabaram por ser ouvidas...


terça-feira, 1 de junho de 2010

SER OU NÃO SER...



 No alto dos meus quarenta e tantos (muitos) anos, acordei com aquele sol de inverno amarelinho, sorrindo pela janela por onde, além dele (o sol) também se imiscuia um vento soberbamente gelado. De pijama (como é bom ficar de pijama em dias frios!!!), xicara de café quentinho em punho, plena terça-feira, 8:30 da manhã e com um dia inteirinho pela frente sem propostas, sem rumo certo... Não, eu não estou de férias e não, eu não sou rica e mais não ainda, não estou doente... A minha profissão liberal me condenou à pobreza monetária (fato já aceito por mim), o que significa, no frigir dos ovos, niente de carrão, niente de férias na Europa (que pena), niente de grandes compras para a temporada e niente de camarão (ainda bem que não gosto de camarão)... Bem, veja-se que as contas são pagas (nem sempre sem algum atraso), minhas horas são bastante versáteis, trabalho na hora que melhor me apetece (menos quando tem compromisso na agenda), o que dá a minha vida uma qualidade que poucos possuem, ou seja, mais tempo com a família, com as plantas, com os animais, com a cozinha, com os amigos, com os livros...
Enfim, cá estou eu com minha farta idade, um pouco fora do peso, fumante, sem dinheiro e com esse lindo dia à minha frente...
Resolvo abrir os armários da minha mente, pescar alguns "rótulos" e não fazer planos, porque acredito piamente na frase "Deus ri de quem faz planos".
Assim é que abraço o que o dia me reserva, fazendo coisas que me dão na telha fazer (amo essa liberdade toda esparramada na minha vida simples).
Como eu ia dizendo, resolvi pescar alguns "rótulos" e percebi que estava na hora de fazer uma imensa faxina mental. Corri para cá, abri esse blog que me apaixona por não estar compromissado com datas, horários, regras ou outro estorvo qualquer que impede a vida de fluir como ela merece e cá estou, para exorcizar alguns treváticos e imprestáveis conceitos falhos.
Verdade é que nunca me dei rótulos, apenas o de "feliz" (e porque eu realmente sou), os rótulos que tenho me foram todos dados por terceiros (de segunda, terceira, ou sei lá, décima mão) e eu os fui armazenando de forma não seletiva. Para ser seletiva, ficaria apenas com uns poucos e porque afagam meu ego (não necessariamente porque me servem ou são verdadeiros com relação à mim). Tenho consciência que alguns rótulos são, apesar de dolorosos, extremamente condizentes com o que sou, mas também sei que ao rotular, muitas vezes, não estamos fazendo criticas construtivas ou elogios merecidos. Tudo depende dos olhos com que se vê. Então, alguns rótulos são dados com o intuito de ferir (quer seja por inveja, despeito, maldade), outros são dados para enganar (os tipicamente puxa-saco) e apenas uns poucos e raros são dados para nos mostrar quem somos (esses vem da familia e dos verdadeiros amigos). Portanto, joguei todos os meus rotulos na minha caixa imaginária e vou perder um tempão pinçando os que realmente devo carregar comigo, quer por sua verdade, quer pela ousadia de me fazerem nua, quer pelo afago sincero que todos nós precisamos. Sendo muito franca, não sei se sou ou não sou, mas também não sei se saber isso é tão importante assim.

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