Este local é, com certeza, dedicado aos 90% do meu cérebro que não tenho certeza de para que servem... Entre um cigarro e outro, entre o dia e a noite, nas beiradas de um talvez qualquer, fico gastando palavras, me espreguiçando nas frases, me escondendo entre as reticências...
Ao leitor deixo o agradecimento pelas palavras que eu não disse, mas que, ainda assim, acabaram por ser ouvidas...


segunda-feira, 5 de abril de 2010

AMOR BANDIDO

Amor é assim mesmo: um bandido que nos amordaça, nos corrompe, desorienta... Amor lembra pimenta: a delícia e a consequência. Assim é que tenho um amor que doi, que dilacera, que não pediu licença pra se instalar, mas alí está: enorme, angustiante... Um amor que simplesmente violentou minhas vontades todas, amor feito de medos reais e prudentes, arrebentando as muralhas de meu espírito e florescendo teimosamente, como as flores que brotam das rochas nos desertos...
Amo o menino da foto abaixo, perigoso, soberbo em sua monstruosidade... Não sei se sou preconceituosa, sei que penso e que as antenas todas da minha intuição vibram, gritam por prudência...
Ele não foi uma escolha minha... chegou para ficar apenas uns dias e acabou ficando por lá... Enquanto a fera soberba crescia livre e sem as intervenções que percebo em outros de sua espécie, o meu traiçoeiro amor também nascia e se fortificava...
Deram-lhe um nome que não gostei: "Mutley" e eu, sempre condizente com meus sentimentos, adaptei para algo mais semelhante às noticias todas que se propagam, mais sugestivo: "Mutiley"...
Todavia, tem sido minha a mão que o alimenta,  a voz que ele mais escuta... A razão pede uma distância que o coração não consegue impor...
Temo sua exuberância, sua força, sua juventude... Temo seu instinto feroz (ele sequer sabe a força que tem ou o medo que me impõe) e ainda assim há tanto amor em mim por ele... Não posso mais baní-lo da minha vida de forma impune, haverá culpas me consumindo... Assim passam-se os dias... Não aconselho os amores bandidos.


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